Como forma de contribuir para a preservação dos animais silvestres da região da Rio-Teresópolis-Além Paraíba, em especial no trecho da Serra, onde está localizado o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) uma das mais importantes áreas de preservação da Mata Atlântica no país, a Concessionária Rio-Teresópolis se uniu ao Parnaso, ICMBio, Museu Nacional do Rio de Janeiro, Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ) – INEA, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Castelo Branco, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade de São Paulo para a concretização do Projeto Fauna Viva, implantado na rodovia em março de 2008.
Idealizado pela diretoria do Parnaso, com patrocínio exclusivo da CRT também responsável por sua execução prática, o Projeto Fauna Viva tem coordenação do biólogo Guilherme Andreoli e da engenheira ambiental Matilde Villela de Souza, coordenadora de Meio Ambiente e Contratos da CRT. Seu objetivo central é identificar e monitorar os animais silvestres atropelados no trecho da Rio-Teresópolis-Além Paraíba (BR-116/RJ). Desta forma, buscam-se informações para embasar o planejamento e a execução de ações que ajudem na redução do número de ocorrências desta natureza.
Dentro do “Fauna Viva”, cuja sede é o Centro de Referência em Biodiversidade da Serra dos Órgãos, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis, são feitas ações diárias pela manhã, a cargo do coordenador do projeto, entre os quilômetros 89,5 (Teresópolis) e 99,7 (Guapimirim), para a coleta de animais silvestres atropelados. O trabalho conta com o apoio das equipes de inspeção da CRT, que também realizam o monitoramento nos demais trechos da rodovia. Para tanto, a concessionária capacitou funcionários de conserva e apoio aos usuários para participarem deste monitoramento no decorrer do dia. Todos os casos geram formulários com dados sobre os mesmos, registros fotográficos e avistamentos.
Caso seja encontrado algum animal silvestre atropelado na rodovia, este é encaminhado à sede do “Fauna Viva”, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Os encontrados vivos e aparentemente saudáveis são examinados e devolvidos à mata. Os feridos são encaminhados para uma veterinária particular especialista em animais silvestres, conveniada com o projeto. Caso o tratamento tenha êxito, os animais são devolvidos à mata nos mesmos locais onde foram encontrados.
As espécies encontradas mortas são fotografadas, recolhidas e acondicionadas para preservação e posterior estudo, sendo possível, de acordo com seu estado, seu envio para o Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ), ficando disponíveis para exposições e projetos educativos sobre a fauna silvestre da Serra dos Órgãos, ou ainda, para o Centro Nacional de Pesquisas para Conservação dos Predadores Naturais (CENAP) ou ao Centro Nacional de Pesquisas e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB), que recebem amostras dos animais coletados, visando um banco genético da fauna local. Outra alternativa é a utilização em pesquisas acadêmicas, além do envio de amostras de sangue e tecidos. Também são armazenadas informações como data, hora, quilômetro, sentido da estrada e condições do tempo quando da ocorrência do acidente.
Todas essas informações são registradas em um banco de dados. A equipe do projeto está encarregada do mapeamento das espécies com maior incidência de atropelamentos e os pontos críticos de ocorrência dos mesmos. A partir daí, serão propostas estratégias de manejo e ações que possam reduzir este impacto ambiental.
Desde o início dos estudos, em abril de 2008 até setembro de 2009, foram coletados 475 animais silvestres, sendo destes, 274 mamíferos, 134 aves, 59 répteis e oito anfíbios. Dos indivíduos recolhidos, registramos mais de 100 espécies diferentes, onde 24% estavam vivas/saudáveis ou feridas na rodovia, ou no seu entorno totalizando 121 exemplares.
O atropelamento em rodovias é considerado a segunda maior causa de perda de biodiversidade da fauna, ficando atrás somente da redução dos ambientes naturais.
Na CRT, ao contrário do que se pensa, o registro de atropelamentos de animais não está concentrado na região do Parnaso, apresentando apenas 36,5 % das ocorrências – 173 desde a implantação do projeto – com os 63,5% restantes espalhados ao longo da via – totalizando 302 animais recolhidos –. Diante disso, a concessionária está trabalhando no sentido de diminuir a incidência deste tipo de acidente na região da Rio-Teresópolis- Além Paraíba e a colaboração dos usuários é de fundamental importância, por meio da informação do avistamento de algum animal silvestre nas proximidades da rodovia, morto ou ferido, pelo telefone (21) 2777-8300, com indicação do trecho ou quilômetro onde este se encontra.
Dirigir com atenção redobrada, especialmente nos trechos sinalizados quanto a travessia de animais silvestres assim como perto de matas preservadas e rios também é uma importante medida. Nunca é demais lembrar que a região da Rio-Teresópolis-Além Paraíba abriga uma das maiores reservas de Mata Atlântica do país, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) e ali vivem várias espécies como a onça-pintada, onça-parda, macaco muriqui, porco-do-mato e diversas aves que estão ameaçadas de extinção. Algumas espécies correm risco maior de desaparecerem em função dos atropelamentos na área da rodovia, como o gato do mato e macaco bugio.